As gentes de Aveiro têm as suas raízes no sal, com o marnoto a trabalhar na salina e a salineira que o vai vender. O moliço (algas) era importante para o cultivo das terras. Daí que nos canais da ria navegam o mercantel e o moliceiro, respetivamente.
Embarquei num moliceiro e, durante 45 minutos, navegamos pela tradição e memória das gentes aveirenses, conduzidos magistralmente pela guia Joana que, qual poliglota, desembaraçou-se perfeitamente em três línguas: português, castelhano e inglês.
As pontes enfeitadas pelas fitas dos forasteiros que deixam o seu agradecimento à bela Aveiro; a ponte com uma águia sob a qual os casais beijam-se para terem sorte no casamento; promovendo as iguarias tradicionais, a enguia, os ovos moles e a doce tripa; as casas características que se queriam altas e estreitas para pagarem menos imposto e para se protegerem das cheias da ria; ou, no final da viagem, ao ancorarmos, a Joana apontar a saída para terra - se gostaram - ou para a água, se não gostaram 😂!
Com sabedoria, sarapintada aqui e ali com humor, com a Joana ou outro guia, não percam uma experiência única e inolvidável a bordo de um barco que transporta muito mais que pessoas, carrega a história e memória do sal da vida e do reboliço do moliço de gentes d’outros tempos.
Bem-hajam! Obrigado, Aveiro.